Responda rápido: Um taco e uma bola custam R$ 1,10. O taco custa 1 real a mais que a bola. Quanto custa a bola?
Fácil, não é? Porque eu perguntaria isso aqui?
Não precisa ser bom de matemática para acertar a resposta, mas é preciso estar muito atento para responder que a bola custa 5 centavos.
Tradução: "Pense fora da caixa"
X é o preço unitário do taco.
Y é o preço unitário da bola.
Se eu compro um de cada ao preço total de 1 real e 10 centavos, eu tenho:
X + Y = 1,10
Eu tenho duas variáveis, sendo que uma é deduzível da outra quando eu digo "o preço dos tacos é um real A MAIS que o preço da bola". Logo, tenho que X = 1 + Y. Então, eu tenho:
(Y + 1) + Y = 1,10
2 Y + 1 = 1,10
2Y = 1,10 – 1 = 0,10
Y = 0,05
Pasme: no livro Rápido e Devagar – Duas formas de pensar, o nobel em ciências econômicas e teórico das finanças comportamentais, Daniel Kahneman, informa que e esse probleminha foi aplicado a milhares de estudantes de Harvard, MIT e Princeton, e mais de 50% deles chegaram à mesma resposta que você – e eu também, hei de confessar – pensou a princípio: 10 centavos. Resposta errada.
Se essa gente tão gabaritada incorreu nesse erro, temos de considerar a possibilidade da escolaridade ou inteligência interferir muito pouco em respostas dadas assim, rapidamente. Na verdade, o maior perigo desse problema estava no comecinho: “Responda rápido”.
Kahneman, juntamente com outros estudiosos, vem dedicando esforços a detalhar a atividade do que chamam de Sistema 1 e Sistema 2. Vou abordar esse assunto com mais profundidade em um outro momento, mas em linhas gerais, podemos atribuir ao Sistema 1 a nossa capacidade intuitiva imediata e ao Sistema 2 nossa capacidade de conectar dados e racionalizar respostas. Você sabe fazer contas, mas esse problema não estava no seu repertório. Daí a resposta imediata equivocada.
E onde essa história toda cruza com o seu dinheiro? Muitas vezes somos solicitados a aproveitar promoções imperdíveis, a fazer uma compra “agora” com algum desconto ou a aproveitar a visita ao banco para comprar aquele título de capitalização ou um seguro qualquer. O seu Sistema 2 é bem preguiçoso e vai te dar a resposta mais fácil sempre. Se meia dúzia de argumentos dados em cinco minutos te convenceram, sinto lhe informar, mas possivelmente você está tomando uma decisão equivocada.
Ninguém está falando aqui para você esquecer a sua intuição – até porque não é possível. Mas vale a pena fazer um esforço para contabilizar e racionalizar suas decisões econômicas – sejam elas financeiras ou não. Aquelas perguntinhas de sempre (Eu preciso ou eu quero? Eu posso gastar com isso? Faltará dinheiro no futuro próximo caso eu diga sim?) podem e devem vir acompanhadas de um punhadinho de contas com calma e precisão. Assim, você traz a decisão para o seu Sistema 2 e evita que a intuição te leve para o que o coração diz e não para o que o bolso pede.
O professor dá em seu livro uma lição para todos nós que tomamos decisões financeiras o tempo todo: “Nós sabemos que as pessoas que deram respostas intuitivas perderam uma dica muito óbvia; eles deveriam ter imaginado que ninguém incluiria em um questionário uma pergunta com uma resposta tão óbvia.” Quando parecer bom demais, desconfie: é melhor voltar para casa e pensar com calma antes de dizer sim.
Fonte: Barbara Ladeia
E em sua vida, você tem pensando fora da caixa?
Como toma as suas decisões?
Como toma as suas decisões?
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